sexta-feira, 12 de agosto de 2011

CULTIVAR de Sucessos



Técnico da Emater-MG esclarece que, em locais mais quentes, em vez da irrigação por gotejamento

Uma nova cultivar de morango vem fazendo sucesso entre os produtores do Sul de Minas, principalmente. A espécie, conhecida como dia neutro, foi desenvolvida pela Universidade do Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, e permite que o morango floresça o ano inteiro, aumentando a produção, a qualidade da fruta e o lucro dos agricultores.

O técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Luiz Fernando Faria, que trabalha no município de Tocos do Moji, informa que essa espécie de morango possui três variedades de mudas: Albion, Aromas e Diamante.

“Esse morango dá em qualquer época do ano, ao contrário da espécie do dia curto, que só floresce no período mais frio. Antes, quem quisesse cultivar morango teria que esperar o outono/inverno. Se quisesse em outra época, para atender à demanda, teria que partir para outra opção, que era mais onerosa, com a implantação de uma estufa bem resfriada. A espécie do dia neutro consegue prolongar a produção por mais de um ano e consegue dar uma fruta com o cabo mais longo, que serve para fazer fondue.”

Ele diz que Argentina e o Chile possuem a patente para produzir essa cultivar, mas o Brasil ainda não conseguiu a autorização por causa do custo dos royalties. “No ano que vem e em 2011, não teremos a nossa produção porque ainda não foi liberada a patente para nós. Quando tivermos autorização, o valor vai cair muito e poderemos produzir muito mais”, explica ele, que revelou também que o custo é de R$ 150 o milheiro da muda nacional e R$ 350 o milheiro da espécie importada.

O técnico da Emater-MG esclarece que, em locais mais quentes, em vez da irrigação por gotejamento, é aconselhado a irrigação por microaspersão, que se caracteriza pela aplicação da água e de produtos químicos, se necessário, numa fração do volume de solo explorado pelas raízes das plantas, de forma circular ou em faixa contínua.

O morango produzido aqui no Estado, de acordo com ele, é comercializado principalmente para São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e, se for congelado, chega em outros Estados do Nordeste. “Apesar de ter uma boa produção, São Paulo compra muito de Minas Gerais, porque nossa área de plantação é bem maior, ou seja, conseguimos atender uma demanda maior.”

Geração de empregos no campo

A produção de morango em no Estado gera muitos empregos, de acordo com o técnico da Emater-MG de Tocos do Moji, Luiz Fernando Faria. “Temos uma média de plantação de 1.500 hectares, sendo que aqui no Sul de Minas, temos a maior área de produção.

Cada hectare necessita de dez pessoas trabalhando, então, são 15 mil empregos diretos”, diz, lembrando que em uma plantação de morango, para quem deseja iniciar na atividade, necessita de cuidados permanentes. “Todo dia tem que cuidar. Tem que ficar por conta da plantação.”

A fruta produzida também pode ser consumida pelo comércio local, como é o caso, por exemplo, do município de Alfredo Vasconcelos, na Região do Campo das Vertentes, que possui produção de morango do dia neutro.

A maior parte é negociada em Belo Horizonte e a menor parte vai para a produção de doces, como tortas, rocamboles, bombons, e geleias. Além disso, em agosto, o município promove o Festival de Morangos. Assim, a cidade tem total aproveitamento da produção, gerando mais empregos.

A renda é outro fator positivo. Com uma produtividade média de 50 mil quilos em Minas, o agricultor terá um custo total na produção de R$ 70 mil a R$ 80 mil, com uma renda de R$ 100 mil por hectare, ou seja, um lucro médio de R$ 30 mil por hectare plantado.

Agricultores estão satisfeitos

A produção de morangos do tipo dia neutro agrada em cheio os agricultores. O produtor de Bom Repouso, também no Sul de Minas, José Lidelmo de Andrade, afirma que o plantio da fruta é a melhor escolha para sua região, que vive de agricultura familiar. “Somos pequenos produtores, e a escolha do morango foi a melhor.

Conseguimos uma boa renda anual”, diz Lidelmo, que conta com a ajudar da mulher e da filha para o cultivo, cuidados e colheita. “O clima daqui que é do alto da Serra Verde e ajuda muito porque a temperatura cai à noite, e durante o dia é bem fresco e venta bem. Por conta disso, conseguimos fazer a irrigação por gotejamento”, diz o agricultor.

O produtor explica ainda que são plantadas dois tipos de muda: uma é a Aromas, que vem da Patagônia, na Argentina, ou do Chile. A outra é a Camarosa, produzida aqui no Brasil. Ele diz que o plantio da espécie importada é feita em julho e produz até junho. “Se o agricultor for cuidadoso, consegue um plantio maior, por mais tempo. Tem que saber manejar corretamente o túnel. Não pode deixar aquecer”, ensina. Segundo ele, a muda brasileira tem um ciclo máximo de oito meses e o plantio deve ser feito em fevereiro.

Lidelmo conta que ele e mais 21 produtores montaram uma associação para comercializar as frutas. De acordo com ele, a venda é feita principalmente em São Paulo. No entanto, eles querem ganhar o mercado da capital mineira. “Já compramos um carro para fazer as entregas em São Paulo, que é o nosso grande comprador.

Vamos participar do Superminas para poder realizar negócios diretamente com os nosso compradores e queremos vender para pessoas de Belo Horizonte também.”

E os agricultores de Bom Repouso querem ir mais longe. Lidelmo revela que para haver um aproveitamento total da fruta, eles gostariam de montar uma agroindústria na cidade. “Temos o apoio muito grande do Sebrae-MG, mas, se o Governo nos ajudar, poderemos abrir em 2010 uma agroindústria e iniciar uma produção de geleias e outras coisas. Aí teremos uma outra renda. É a nossa meta para o ano que vem.

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